Tropicália: quando a arte vira liberdade e o estilo se transforma em expressão

Você já parou para pensar como a música, a cor e a cultura se misturam para contar a história de um país? A Tropicália foi exatamente isso: um movimento que redefiniu o Brasil dos anos 60, unindo o som das guitarras elétricas ao batuque do pandeiro, da poesia à política, do moderno ao popular.

Mais do que um estilo musical, a Tropicália foi um manifesto. Um grito de liberdade em tempos de censura, um convite para abraçar o caos criativo e celebrar a pluralidade brasileira. Artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa transformaram o palco em resistência e a arte em reflexo da alma de um país que não cabe em rótulos.

Da esquerda para a direita, Jorge Ben, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee e Gal Costa; à frente, abaixados, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista. Eles são os principais nomes do movimento tropicalista. (Arquivo/Reprodução).

Ritmos que embalaram uma geração

Através de expressões musicais, artístico-visuais e literárias, a Tropicália pretendia interpretar a ideia de “nacional” a partir da fusão entre músicas regionais brasileiras, música clássica, samba, MPB, bolero, rock’n’roll, cultura pop e linguagens artísticas vanguardistas, criando algo único e reconhecível como brasileiro.

Algumas músicas se tornaram verdadeiros símbolos do movimento e as letras falavam de amor, política, cotidiano e brasilidade, sempre com um toque de crítica e ironia. 

Vinil Tropicalia ou Panis Et Circencis (1968).

Arte, arquitetura e cultura visual

O movimento também se expressou nas artes plásticas e na arquitetura. Artistas como Hélio Oiticica e Lygia Clark exploraram instalações interativas e experimentais, convidando o público a participar da obra. A estética tropicalista era marcada pelo uso de cores vibrantes, geometria e elementos da cultura popular, misturando objetos cotidianos com intervenções artísticas.

Na arquitetura, algumas obras refletiam o espírito tropicalista ao combinar funcionalidade moderna com elementos tradicionais brasileiros, criando espaços que dialogavam com o ambiente urbano e natural. A arte de rua e os cartazes também ganharam força, trazendo política e poesia às cidades.

Reprodução para a XXIVª Bienal Internacional de São Paulo, de 1998, da exposição “Tropicália” de 1967. (César Oiticica Filho/Reprodução).

As cidades que respiraram Tropicália

O movimento teve grandes centros em Salvador, berço de Gilberto Gil e de muitas manifestações culturais afro-brasileiras; Rio de Janeiro, onde a boemia, a música e a imprensa ajudaram a espalhar as ideias; e São Paulo, com a cena experimental e a abertura para novas linguagens artísticas. Essas cidades se tornaram palco de shows, encontros e debates que consolidaram a Tropicália como fenômeno nacional.

Marcha Contra a Guitarra Elétrica em 1967 (Arquivo/Reprodução).

A Tropicália hoje

Décadas depois, a Tropicália continua influenciando música, moda, arte e design. Ela nos lembra que a brasilidade é plural, que é possível misturar referências, inovar e se reinventar sem perder a própria identidade.

Na Origem, essa mesma ideia de celebrar a diversidade cultural do Brasil é o que nos guia. Cada criação busca refletir cores, ritmos e histórias brasileiras, transformando o cotidiano em expressão de brasilidade. Assim como a Tropicália, a Origem acredita que identidade e criatividade caminham juntas, sempre em movimento.

Caetano Veloso, Maria Bethania, Gal Costa e Gilberto Gil  (Arquivo/Reprodução).